domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre as cavidades

Tem um homem que eu amo o tempo todo. E tem outros homens e outras mulheres que eu também amo, de certa forma, por uma noite ou duas. Até uma semana. Ou um mês. Eu amo bastante.
Mas eu acabo nunca deixando de amar o homem que eu amo o tempo todo. Mesmo nas noites ou semanas. Ou um mês.

Cabe tudo isso na gente.
Cabe em mim hoje.
A gente muda o tempo todo. Revê. Cavando bem fundo na nossa própria bosta a gente acaba achando e não importam as tripas finas ou as noites sem fim.

O homem que eu amo o tempo todo tem os polegares opositores um pouco fora do lugar e isso faz com que suas mãos caibam exatamente sobre outro par de mãos um pouco menores do que as suas. E que também caibam bem sob o par de mãos menores quase sempre. E que as vezes não caibam em lugar nenhum porque a gente não tem que caber sempre. Caber sempre é uma merda horrenda.

São as mãos de um índio guerreiro e as veias ficam saltadas no verão.

Sinto que de certa forma ele entupiu as minhas cavidades todas com coisas. Eu devolvo com jatos de outras coisas e assim a gente vai dançando essa valsa louca desordenada pelas entranhas do mundo.

São sempre as horas entre nós. As vezes algum sangue. Outros estados. Outros homens e outras mulheres. Mares. Atabaques. As vezes a solidão do Hopper. Algumas coisas rasgadas. Coisas novas. A vida.

À vida.

Não importa como. Mesmo quando a gente tá um pouco perdido e afundado acaba sendo sempre um brinde.
Acho que no final das contas somos um bonito brinde à nos mesmos, que seja.




Enquanto o vendaval não passar sou o seu amante e taco fogo em teu véu.

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