sábado, 24 de novembro de 2018

Dessa vez choveu dentro do sábado quieto

A chuva cai forte
Caminho pela cidade que parece adormecida (apesar dos carros) e acho tudo bonito
O chinelo escorregando do pé mas eu já aceitei me molhar faz tempo
(e não me arrependi)
Desvio das cachoeiras das casas sem calha
Agora molhei até o rosto
A rua forma um morro inclinado e me divirto com a chuva desafiando a ordem da seta:  a seta aponta pra cima e, a essa altura, a chuva já formou um riozinho rua a baixo
A cidade parece uma pintura em movimento (mesmo parada)
Acho que é do futurismo ou qualquer outra coisa veloz
Penso na correria desses dias
Espero que não seja tarde demais pro meu dente que ainda não fui arrumar
Deixei a luz acesa pra parecer mais animado quando eu voltasse
Escuto o mensageiro dos ventos feito pelo meu pai que tá pendurado na minha sacada
Sinto saudade
Me sinto como uns anos atrás nesse cidade: estrangeira
Reviro uns lugares antigos
Eu fico alimentando o meu saudosismo e depois me pergunto por que sou assim
Não chego em nenhuma conclusão
Mas continuo sentindo essa coisa que tá entre um aperto no peito e uma alegria, ambos por estar viva.