domingo, 29 de julho de 2018

De baixo da lua corre um domingo de vento quente

tem uma coisa que sempre me acompanha
(que eu acho que é desde que eu piso nessa terra)
que é um gelinho no coração e essa mistura de doçura com melancolia
acho que assim como eu gostava de "olhar o vento"
(que te contei hoje enquanto a gente caminhava pela cidade calminha e esquecida mas que eu já tinha te contado antes, porque eu sempre repito minhas histórias)
esse gelinho me acompanha desde que eu me lembro.
as vezes aumenta
em outras fica meio guardadinho
e acho que em algum momento da adolescência ele se materializou numa canção dos smiths (ou pode ter sido killing moon também, só sei que foi alguma coisa dessa época)
e as vezes bate forte
igual agora
quando eu me sinto andando em nuvens
e é gostoso mas também um pouco assustador
(porque eu tenho medo de altura e desse chão desaparecendo)
mas eu tô indo
porque meu coração também fica molinho nessas horas
e eu gosto
acho que isso é o que eu sei ser melhor: um amontoado desorganizado de disponibilidade
& carinho
esse carinho
com gelinho no coração e na barriga
que também parece com estar correndo a noite com baixa visibilidade e um monte de árvores no caminho e
umas luzinhas
mas enquanto eu corro eu gargalho
e me sinto viva
e viver parece essa corrida no escuro
e esse caminhar
e olhar o vento
e essas tardes de domingo.