terça-feira, 26 de maio de 2015

Da ciranda pra Janaína desse último mês inteiro e a lua que agora eu acompanho

eu sempre me vejo mexendo com as coisas miúdas
talvez seja culpa do manoel de barros que me fez olhar bonito pro quintal
me pego costurando linhas fininhas
traços desaparecendo do papel
construindo aventura em caixinha de fósforo
descascando a bergamota com cuidado (por amor)
sentindo as veinhas dela que parecem com as minhas
eu deixo a pia sempre seca, organizada
sou miúda comigo mesma, é isso
deixo sempre limpo e esticado
organizo a casca do ovo
e isso não muda nada
(ou talvez mude tudo?)
é assim que eu me reconheço
lembro da árvore que eu sempre escolhia pra ser a "minha" na casa da nona
eu guardei que era uma laranjeira mas na verdade eu não sei
ela era na altura certa pra mim e acho que até hoje ainda é
e eu acho quase brega a palavra d e l i c i o s o mas eu acho meio delicioso isso tudo assim

quarta-feira, 18 de março de 2015

Sobre provérbio chinês e a minha janela sempre aberta


sonho outra vez
o corredor parece mais estreito e já não lembro de todas as cores.
um copo de vinho
e tanto frio
tanto frio!
aquela sensação breve (ainda que eterna) de casulo
de estar com a cabeça enterrada em baixo dágua - que é silenciosa só que tão agitada
e um ônibus que eu queria mesmo ter perdido.

(depois eu tentei esticar aquela noite. fantasiei saber todos os detalhes decór. conhecer cada palmo daquela rua. as coisas cotidianas. uns cafés da manha. teriam sido bons.)


Quando lembo de você
Dá vontade de gritar
De saudade de alegria
Por saber que nossas vidas dividiram caminhar