aquele pulsar gelado e agudo de uma borboleta decolando do meio das pernas
escorre sangue colorido
estou dentro de uma bolha
molhada
uma incubadora das sensações
viva
mantém a respiração
a vontade de viver e voar pra mais longe cada vez
remar nadar
e aquela coisa de querer morrer no mar
mas que morrer esteja bem longe agora
porque eu me sinto tão pronta dessa vez. outra vez.
agora sim
de novo
com as veias abertas: aqui vou eu.
sexta-feira, 20 de junho de 2014
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Sobre o meu rádio barulhento e o silêncio dessa rua
A vida dói de tanta coisa que ela é.
Penso na imagem da cranio aberto sangrando que vi agora há pouco - ainda que só a foto.
Esbarro com a sujeira que eu acho que é a que dói mais: a miséria, a fome, a falta, a lacuna vazia.
Aí eu me sinto mal por estar aqui sentada na minha cama, com gripe e comovida com uma canção shoegaze dos anos 80. Eu penso "porra, eu aqui: limpa e emocionada com uma música e tem gente aí - lá - aqui do lado morrendo se matando violência helicóptero da polícia racismo homofobia nojo nojo".
Mas no meio de tudo isso eu penso que uma coisa não anula a outra e presto atenção na música e meu coração fica meio molinho de novo. Tenho isso aqui que eu sou: um amontoado de lembranças. A maioria é doce. A maioria parece que foi nos anos 90, mas acho que já era dois mil.
Também tenho essa vertigem da vida de agora: um frio na barriga como se fosse uma montanha russa em looping (e as mesmas palavras de sempre).
Lembro do velhinho com olhos de catarata e seus bilhetes de loteria do ponto de ônibus de ontem.
Ele me olhou tranquilo e disse "uma coisa: não existe futuro... só tem o presente."
Eu quis ser um abraço mas só consegui ser uma batidinha no ombro e um sorriso de obrigado.
Penso na imagem da cranio aberto sangrando que vi agora há pouco - ainda que só a foto.
Esbarro com a sujeira que eu acho que é a que dói mais: a miséria, a fome, a falta, a lacuna vazia.
Aí eu me sinto mal por estar aqui sentada na minha cama, com gripe e comovida com uma canção shoegaze dos anos 80. Eu penso "porra, eu aqui: limpa e emocionada com uma música e tem gente aí - lá - aqui do lado morrendo se matando violência helicóptero da polícia racismo homofobia nojo nojo".
Mas no meio de tudo isso eu penso que uma coisa não anula a outra e presto atenção na música e meu coração fica meio molinho de novo. Tenho isso aqui que eu sou: um amontoado de lembranças. A maioria é doce. A maioria parece que foi nos anos 90, mas acho que já era dois mil.
Também tenho essa vertigem da vida de agora: um frio na barriga como se fosse uma montanha russa em looping (e as mesmas palavras de sempre).
Lembro do velhinho com olhos de catarata e seus bilhetes de loteria do ponto de ônibus de ontem.
Ele me olhou tranquilo e disse "uma coisa: não existe futuro... só tem o presente."
Eu quis ser um abraço mas só consegui ser uma batidinha no ombro e um sorriso de obrigado.
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