sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sobre aquela sensação do sangue na boca (só que sem sangue agora)


O dia estacionou de novo.
Cheiro gosto cor barulho de nada. Fim de tarde.
Ninguém beijou meu estômago dessa vez. Parece que ele caiu e ficou estendido por ali...
Panela de pressão fazendo o feijão de alguém, luz amarela acesa, a voz do jornal, o cheiro dos xampus nos cabelos limpos dos outros... Todo mundo voltando pra casa.
Queria a minha hoje.
Mas eu sempre me atraso e o último barco já foi.
Aí eu fico sentada aqui olhando pra parede que começou a mofar outra vez.
Sufoquei. Não foquei nada. Passou.

Deve ter sido só esse meu pé inchado e todo o café que eu não devia ter tomado. A saudade de tudo de sempre. O gato que pia baixinho pra eu não esquecer. Mordendo minhas ataduras. Fazendo doer e ficar vivo. Nada de novo. Todas as minhas palavras repetidas. Minha vida em looping.
Não é nada ruim, no final.

Só é tudo de novo.

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