quinta-feira, 18 de abril de 2013

Sobre o lugar redondo e laranja (parte 1.000)


Tem uma coisa assim sobre voltar pra casa ou partir daqui que impulsiona tudo.
Cada coisa no seu lugar.
O Tom não tava me esperando na esquina da rua de terra dessa vez mas ficou tudo bem.
É o jeito que o vento sopra aqui.
Tem isso que fica entre o lindo e o macabro. O horror mora junto mas é por causa de tanto amor e aí o peso da possibilidade da morte e então o horror. Na brevidade. Na saudade.

"Você acredita no horror?"

Eu li isso hoje enquanto esperava em Curitiba.
Curitiba é sempre o meu meio do caminho. É o lugar onde um dia eu já sonhei.
Acho que não é por acaso que eu sempre espero tantas horas amassadas lá.
Tem umas coisas que eu queria conseguir dizer mas eu não sei.
Sobre alguma noite perdida de 99 em Nova Veneza. Aquelas estradas cheias de curvas.
Todos os CDs do meu primo esquecido.
A noite quieta.
É uma coisa sobre o coração encaixar tão bem que nem dá pra falar.
A angustia de novo.
Depois o imenso do mar.
- Mais uma de iodo, por favor.
E agora eu já posso voltar de novo.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sobre aquela sensação do sangue na boca (só que sem sangue agora)


O dia estacionou de novo.
Cheiro gosto cor barulho de nada. Fim de tarde.
Ninguém beijou meu estômago dessa vez. Parece que ele caiu e ficou estendido por ali...
Panela de pressão fazendo o feijão de alguém, luz amarela acesa, a voz do jornal, o cheiro dos xampus nos cabelos limpos dos outros... Todo mundo voltando pra casa.
Queria a minha hoje.
Mas eu sempre me atraso e o último barco já foi.
Aí eu fico sentada aqui olhando pra parede que começou a mofar outra vez.
Sufoquei. Não foquei nada. Passou.

Deve ter sido só esse meu pé inchado e todo o café que eu não devia ter tomado. A saudade de tudo de sempre. O gato que pia baixinho pra eu não esquecer. Mordendo minhas ataduras. Fazendo doer e ficar vivo. Nada de novo. Todas as minhas palavras repetidas. Minha vida em looping.
Não é nada ruim, no final.

Só é tudo de novo.