quinta-feira, 29 de março de 2012

Sobre a Maria Desejo e sua morte sorocabana

Um coma induzido por mim mesma.
Fiz minhas esculturas todas ocas e depois as coloquei no pé da sua cama mas lá sempre chove e depois faz sol e depois chove e depois faz sol e é claro que elas racharam e você não devia estar perguntando com essa cara de quem não viu.
Sabe que eu não aguento de novo todas essas tempestades sendo que aqui dentro eu tenho um laguinho hoje (ou uma tempestade outra) e prefiro não me arregaçar tanto outra vez se esse arregaço não é meu: é seu.
Que seja brilhante e com um pote de ouro no final mas que você nunca consiga colocar os dois pés inteiros lá porque daí acabaria, né?
As vezes eu acho que aqui já acabou mas eu talvez só precise de outra drenagem no meu pulmão e que esse sino de merda pare de insistir.
Eu fico aqui entre me afogar e ser  jesus caminhando sobre as minhas próprias águas mas na verdade só importa que o mundo continue parecendo vermelho as vezes e que algumas noites nem existam.

No fim das contas Maria morreu de cansaço. O sangue escorreu devagarzinho: um filete fininho que nem se via. Era rosinha e no final virou água do mar de novo.

3 comentários:

  1. Sempre um presente novas palavras tuas. A água às vezes brota ao ler, sem aparente motivo.

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  3. O coração faminto pelo calor e o frio,a gente nunca pensa que ele um dia ira envelhecer.Pensamos que para sempre podemos sentar em diversão,mas as chances na verdade são de um milhão contra um.Por um momento parece fácil dIscernir o preto do branco ou o certo do errado.A idéia nunca bate que pela estrada única em que viajamos pode rachar e partir.
    Quantos anos se passam e se vão e as apostas foram perdidas e vencidas?
    Quantas estradas levaram seus amigos?

    Tudo pelo desejo de poder sentar naquele quarto novamente e talvez dez mil dólares cair em um chapéu.

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