sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Choveu bem no meio da quinta-feira

caminho rápido na avenida
calculei errado o clima como sempre
porque ontem eu passei frio e agora eu tô passando calor
ouço um sonoro bocejo do chaveiro enquanto escuto um sambinha no meu fone de ouvido estragado (funciona um lado só)
ultrapassei um senhor carregando o mundo num carrinho de mão
(e eu nem sei o que eu sinto de tanta coisa).
passo na frente do centro de apoio aos dependentes químicos
parece que acabou de acontecer uma palestra
escuto um "e essa perna aí, irmão? tá zuada fi!"
cheiro de comida chinesa feita por paraibanos em Sorocaba - numa rede de fastfood que com certeza é estadunidense
(minha amiga me contou quando trabalhava aqui)
o mundo é uma coisa lôca mesmo.
agora no ônibus um bebê sorri e tenta comer minha bolsa
no banco ao lado uma mãe cheia de sacolas dorme levinho (enquanto a filha se lambuza com uma coxinha da esquina)
representa todas as mães cansadas & amorosas (ou duras) desse Brasil.
transporte público que chacoalha
marmitex de garagem sem alvará
brechós também.
casas velhas e suas plantas suspensas que eu tanto adoro
um boteco com a bandeira nacional pintada no chão em frente
à espera do que não veio
(o que conhecemos tão bem).
churrasquinho
cachorros rodeando
pebolim (que em Criciúma chama "pacal")
os taxisistas e suas esperas
eu deveria ter feito aquele concurso em 2014
agora eu tô aqui:
tem aula sem professor e tem professor sem aula mas não nos deixam lecionar
parcelei a dívida
peguei chuva
sorri pra uma pomba que pareceu me olhar nos olhos por um segundo
e então eu só continuei