Hoje eu sentei um pouco no sol da manhã na rodoviária pra comer o meu pão enquanto a cidade ia ligando.
Queria sentir de novo essa coisa toda de ir. Isso que fica aqui pairando nos banquinhos cor de laranja e nas quinas entupidas.
Um pouco de dor e festa. Ir embora pra sempre e chegar.
Um lugar de movimento...
Segue o fluxo no palco viaduto do chá. Só quem tem sangue no corpo é que vai ficá.
Lembrei da madrugada em que fui até aí.
Uma estrada nova, outro lugar.
Eu amei todas as suas luzes e ruas. Todas as suas árvores.
E uma praça de tantas horas perdida entre a cultura racional e o carinho da prostituta falante.
A madrugada indo e então passou a nossa noite suspensa no mundo.
Alguma luz vindo do corredor lateral.
Silêncio.
Respiro.
O seu cabelo no travesseiro do lado do meu e então o seu nome foi parar na minha carta-guardanapo de despedida.
Coloquei um ponto de interrogação junto porque eu nunca sei se só eu lembrando vale alguma coisa.
Mas eu coloquei e agora carrego na minha carteira, perto do meu coração: sempre úmido, só que grande.